O que a arquitetura resiliente tem a ver com a crise climática
- gabrielaregoarq
- 24 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de out. de 2024
Estamos vivendo eventos climáticos com cada vez mais frequência, e passando por mudanças que ficam evidentes para todos. As previsões de uma crise climática futura parecem falhas, quando sentimos que já estamos vivenciando essa crise. Tempestades, enchentes, inundações, secas de rios, aumento drástico das temperaturas, longos períodos de seca, queimadas… São cenários que estão sendo observados em todo o mundo.
Dessas situações penso que podemos olhar através de três perspectivas: passado, presente e futuro.
O que poderia ter sido diferente? Algo não deveria ser feito, mas foi. E as consequências nos levaram a uma catástrofe. Algo poderia ser feito para evitar ou mitigar os estragos e perdas. Que possamos aprender com nossos erros.
O que pode ser feito agora? Como devemos nos comportar enquanto passamos por esses eventos cataclísmicos, durante e no pós imediato? Precisamos de clareza sobre o que enfrentamos para tomarmos melhores decisões.
O que pode ser feito para o depois? Veja bem, não é feito depois, é feito agora, mas com a expectativa no futuro. Que caminhos nos levam a um futuro diferente e melhor(!) do que para o qual estamos caminhando?
Quando se trata de arquitetura, estamos falando de algo que tem um papel impactante em todas as três perspectivas. O termo arquitetura resiliente ao clima tem sido amplamente usado, mas não podemos deixar que se torne um jargão vazio, é preciso que o significado seja prático, palpável e sirva como modelo.
Como exemplo, o grande período de seca que enfrentamos nos últimos meses, que teve seu efeito intensificado com o alto número de queimadas pelo país. Trouxe para muitas cidades um clima atípico. A cidade em que moro tem um histórico de alta umidade, a maior estratégia de promoção de conforto térmico a ser implementada em residências aqui, na teoria, seria com foco em desumidificação. Neste ano de 2024, esta estratégia não faz o menor sentido.
Portanto, reafirmo a necessidade desenvolver um olhar atento e crítico para a forma que construímos nossas residências, nossas cidades e principalmente é preciso estar disposto a fazer diferente. Depois de uma crise, de uma catástrofe, o recomeço é urgente e a mudança necessária, para não entrarmos em um ciclo vicioso.
Como podemos pensar as nossas construções, a forma que vivenciamos as cidades para que seja possível enfrentar períodos de extremos climáticos com resiliência? A arquitetura resiliente deve abrir caminhos para que nós, como sociedade, sejamos resilientes.
Gabriela Rego, arquiteta atenta e crítica.
glossário:
arquitetura resiliente: arquitetura voltada para manter a sua performance durante adversidades; com capacidade adaptativa.
conforto térmico: estado de conforto de uma pessoa - não sentir muito frio e nem muito calor; uma construção pode oferecer conforto térmico através de estratégias de projeto e soluções construtivas determinadas de acordo com a localidade e orientação solar da construção.
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